Você conhece Carla Nobre? Ela é uma nobre poeta aqui de nossa terra,professora, mãe vale a pena conhecer seus poemas.
Não a conheço pessoalmente, mas sou adimiradora de suas poesias, belo trabalho e sintonia utilizando as palavras. Acompanhem abaixo, o tema reflete as velhas questões sociais que fazem parte de nosso cotidiano, ressalto que a poesia pode ser direcionada para uma atividade em sala de aula, enfocando a temática implícita no texto!Boa leitura!
Um homem, os garis e uma casca de laranja
Um Homem de Terno ia apressado pela rua
Colocou a mão no bolso para pegar as chaves do carro
Mas que surpresa desagradável:
Haviam dois garis brincando de pega-pega perto de seu carro
Um deles chupava uma laranja
E quando terminou jogou sorridente a casca no amigo
Que azar:
A casca caiu no carro do Homem de Terno
E ele, nervoso e dono de si,
Começou a gritar
Cuspindo-se de tanta raiva:
“Um gari sujou meu carro do ano
com uma casca
de laranja
suja e imunda
uma casca
em meu carro limpo
que ainda cheira a novo
e o gari
sujou meu carro
brincando de pega-pega
com um amigo
também gari
Um gari brincando
Nem sabe o seu lugar
Um gari que tem amigo
Nem sabe o seu limite
Um gari e uma casca de laranja
Atrapalharam minha tarde
Grito
Esbravejo
Acho que mando bem o meu recado
De doutor
E de senhor
Sou de família tradicional
Tenho uma bela casa
E salário digno e polpudo
No fim do mês
O gari é só uma roupa berrante
Eu e meu carro
É que enfeitamos a cidade
O gari é quase parte
Do objeto lixeira
E
Vassoura
O gari não tem voz
E fica calado
Diante dos gritos da minha razão
O gari é mesmo quase parte íntima
Do próprio lixo que cata
O gari nem se enxerga
De tão pequeno e fedido
Eu e meu carro
É que damos sons verdadeiros e belos para a cidade...”
Mas então,
Diante dos gritos do Homem de Terno,
Os garis saíram de perto do carro do ano
Esquecendo a brincadeira
E a casca de laranja
E o homem continuava falando e falando:
“Fedido gari
Gari que não se enxerga...”
Ia falando e conferindo
Cada detalhe do seu carro
Verificava se os garis não tinham causado
Danos maiores
Foi então
Que com sapato brilhante
O homem falante, falante
Acabou escorregando na casca de laranja
Esquecida pela sua gritaria
Foi um tombo grande
Bem grande
Do tamanho da sua arrogância
E ninguém, riu do tombo do homem
E ninguém se apiedou do tombo do homem
O homem ficou só na rua
Sujo do próprio tombo
O homem e a sua arrogância.
carla nobre
Referência:http://www.carlapoesia.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=158865
Este blog tem como objetivo divulgar as atividades desenvolvidadas na escola em que trabalho bem como mostrar a formação continuada do professor multiplicador utilizando as novas tecnologias
Seja Bem Vindo!
Olá...seja bem vindo a este blog, tenho certeza que sua visita será positiva!
Quem sou eu
- ivana raliene
- Sou Professora das séries iniciais, formada pela UNIFAP no curso de Pedagogia, com Pós-Graduação en Ciência das Religiões, atualmente faço especialização em Mídias na Educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário